A volta de Kirby à Marvel foi anunciada com toda a pompa e circunstância por Stan Lee. Kirby retornou em 1975 e começou a escrever e desenhar o Capitão América. Durante 23 números — e uma edição gigante — ele criou aventuras que estão entre as melhores dos mais de 75 anos do personagem. O mesmo tipo de conceitos insanos que havia utilizado em seu trabalho com o Quarto Mundo apareceram naquelas histórias, como a Bomba da Loucura e uma viagem pelo tempo para descobrir a verdadeira América.
Fascinado com o trabalho de Erich Von Daniken em Eram os Deuses Astronautas (que dizia que a Terra havia sido visitada por extraterrestres no passado) e o realismo fantástico da revista Planéte, de Jacques Bergier, ele decidiu criar os Eternos, tematicamente similar aos Novos Deuses. Da mesma maneira que O Quarto Mundo até hoje influencia a DC, os Eternos e seus conceitos estão presentes na Marvel.
Ele também produziu uma adaptação — e expansão — do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço e tentou fazer o mesmo com a série O Prisioneiro, que infelizmente não foi publicada. Além disso, desenhou e escreveu o Pantera Negra, mostrando uma visão muito particular do personagem que havia criado na década anterior.
Seu último trabalho com Stan Lee, Silver Surfer: The Ultimate Comics Experience foi publicado pela editora Simon & Schuster, e é considerada uma das primeiras graphic novels já criadas.
Mas, mais uma vez, Kirby não estava satisfeito com seu tratamento na Marvel.
E depois de curtos três anos, de novo partiu. Dessa vez para sempre.
Em 1979, Kirby começou a trabalhar com animação na Hanna-Barbera, onde criou os designs para séries como Thundarr, o Bárbaro e — ironia das ironias — The New Fantastic Four. Entre 1979 e 1980 ele também adaptou para tiras de jornal o filme O Buraco Negro, da Disney.
Nessa mesma época, fez também a arte conceitual para o filme O Senhor da Luz, baseado no livro de Roger Zelanzy. O filme nunca foi feito, mas a arte de Kirby foi usada durante uma operação da CIA para trazer de volta membros da embaixada americana em Teerã durante os primeiros dias da revolução islâmica.
No começo dos anos 1980, uma pequena editora chamada Pacific Comics lançou uma série de quadrinhos criados por Kirby, como Captain Victory e Silver Star. Ele também voltou a fazer alguns trabalhos para a DC, como a graphic novel Hunger Dogs, na qual Kirby pretendia dar o ponto final aos Novos Deuses, coisa que não aconteceu, devido a interferências editoriais. Além disso, ele desenhou duas minisséries de Super Powers, baseadas nos desenhos animados dos Superamigos.
Graças à presidente da DC, Jenette Kahn, Kirby redesenhou os personagens do Quarto Mundo e assim começou a receber royalties pelas suas criações através da fábrica de brinquedos Kenner. Foi uma maneira inteligente de Kahn fazer justiça a Kirby, que ganhou muito mais com os brinquedos que com toda a sua produção na época em que trabalhou para a DC no início dos 1970.
Jack Kirby faleceu devido a problemas cardíacos em 6 de fevereiro de 1994. Entretanto, seu legado continua presente em todas as histórias de super-heróis que são produzidas até hoje. É impossível abrir qualquer revista que trate do tema e não ver algo que foi criado e desenvolvido por Kirby. E essa é, sem dúvida, a sua maior herança. Longa vida ao Rei!